sábado, 7 de dezembro de 2013

Minhas novas publicações (mas não aqui)!

Pois é.

Como você deve ter observado, o blog anda bem paradão; mas você pode acompanhar o que ando escrevendo nos links abaixo.


Desafio Literário da Irmandade: O Pagamento, uma versão macabra de um famoso conto infantil.



Meu e-book Hc Svnt Dracones, pela Editora Draco, da Coletânea Dragões:

Uma estranha carga é transportada até uma igreja no interior da França do século XV. Depois disso, a fé e as verdades de um monge serão postas em xeque. No mosteiro de San Michele di Murano, em Veneza, o mundo como o conhecemos tomará uma nova forma.

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Contos da Confraria: o livro que lancei com outros dez colegas escritores, alunos da turma de Estrutura Literária de Eduardo Spohr:



Conto A Mangueira, pela Editora Draco, publicado em Contos do Dragão.

Primeiro, pergunte a todos que entraram ali: o que separa vida e morte? Ansiosos por mostrarem a dura realidade humana, lhe dirão que o mais importante é que isso acontece todos os dias. Depois, aceite que alguns limites não devem ser ultrapassados. Por fim, pressione-os, e a resposta a sua indagação será “O mesmo que separa loucura e sanidade, um muro”.

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sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Parte 7, última parada: Robledo de Chavela.


Sábado, 24 de Agosto de 2013.

Deixei Madrid no mesmo horário, no mesmo trem e sem as mesmas dúvidas da semana anterior. Chegando em Robledo, peguei o mesmo ônibus, com o mesmo motorista, mas com pessoas diferentes: um grupo de senhoras que veio conversando o tempo todo, entre elas e comigo. Já sabiam, claro, o porquê de eu estar ali.


Plaza de España. Sem corrida de bicicleta, segui pela escadaria, a Calle Santa Maria. Cheguei na igreja, e a visitação estava dividida em grupos. Eu fiquei no grupo 4. Meu amigo, o Sr. Cura, estava lá e me reconheceu.



O Sr. Cura!

Confirmei a minha impressão de quando o conheci. Antônio é um homem culto, que fala muito bem inglês e também um pouco de português. Não me surpreenderia se descobrisse que ele fala outras línguas além dessas. Fiquei positivamente surpreso, pois na entrada da igreja, era ele a fazer a apresentação dos séculos de história daquele lugar, a (re)construção da catedral, o porquê das obras, custos, gastos e incentivos do governo. Foi espetacular, e ficou clara sua empolgação com aquela descoberta, e com o que estava acontecendo a nossa volta. Posso estar enganado, mas dele é a energia propulsora que faz as coisas andarem. Como no dia da missa, ele atendia todos muito cordialmente, fôssemos da cidade ou não.



Antessala. Aguardando para entrar na nave da igreja

Vista da nave, a partir do balcão superior

Na nave, olhando para o balcão





Sim! Subimos nesses andaimes!

O padre nos contou que um garotinho perguntou se aquele era o intestino do dragão...  :)

Confiança é tudo!    ;)




Vídeo de cinegrafista completamente amador pendurado em andaimes.



De todas essas pessoas, eu fui o último a descer.


Tinha que aproveitar ao máximo aqueles minutos. No final, sobramos eu e o restaurador, o Carlos, que curiosamente tinha o mesmo nome da pessoa que me possibilitou estar ali, o meu amigo do ponto de ônibus. Conversamos, eu disse que era engenheiro, e que também gostava de escrever. Falei do meu conto publicado em 2012, e ele ficou surpreso com a semelhança entre as duas histórias. Me deu até o cartão dele!

Obrigado pela foto, Carlos!

Na saída, conversei com Antônio. Disse a ele que tinha sido um prazer estar ali, e tenho certeza que isso estava estampado na minha cara. Ele sorriu e me respondeu com um sincero Me alegro muito!.


Obrigado, Robledo de Chavela, por essa aventura inesquecível.



*****



Isso tudo para dizer que essa história toda, a história por trás da história do meu conto, curiosamente aconteceu depois de ele ter sido escrito e publicado.

E por isso, a história sobre a vida de um certo monge, contada em 2012 mas para sempre em meu coração - idealizada para ser um início - acabou tornando-se o meio de uma história ainda maior.

Um caso de "inspiração tardia", em que as influências vêm meses depois? Quem saberá?

E se considerarmos o período medieval, aquilo que chamei de início (a minha aventura robledana) é apenas mais uma parte do meio, e o final talvez acabe com a descoberta de ainda mais dragões em Robledo de Chavela, ou com a descoberta de outros dragões em outras igrejas (talvez num povoado entre a Bélgica e a França), ou ainda, numa pequena ilha na laguna de Veneza...

Porque como eu já disse e continuarei dizendo, hc svnt dracones...

Robledo, parte 6: lá e de volta outra vez.

Eu tenho o problema de ser apresentado as pessoas e me esquecer delas segundos depois. É tipo uma memória de peixe, ou algo que o valha. Minha esposa sempre reclama disso, mas não faço por mal. Agora imagine para alguém com quem eu conversei muito rapidamente, sem nem me apresentar ou ser apresentado.

Foi o que aconteceu com o Carlos.


Cheguei no ponto e lá estava um senhor esperando o ônibus, não o mesmo que o meu, mas outra linha. Cumprimentei-o e ele retribuiu. Sentei-me ao lado daquele estranho, para descansar um pouco, me protegendo do sol escaldante que castigava a cidade.


Ele olhou pra mim e sorriu, e perguntou em espanhol se eu tinha visto os dragões. Respondi que a igreja estava fechada, e só então me toquei que ele tinha vindo da estação de trem comigo, no mesmo ônibus, e eu, na ânsia por informações, tinha contado o objetivo da minha missão.


E ele, como bom robledano, lembrou, mesmo que eu tivesse esquecido que já o conhecia.


- Cerrada... - disse, sentado ao lado dele, apoiando-me com as duas mãos no banco de ferro.


E começamos a conversar, e ele disse que sabia que eu era brasileiro, pois em determinado ponto do papo eu tinha usado um "ninguém", e ele já tinha estado no Brasil, e reconheceu o som da palavra. Conhecia o Rio, São Paulo e até BH. Me contou um pouco da vida dele, e me perguntou de novo sobre a igreja.


Rimos juntos sobre ninguém na cidade saber se a igreja estava aberta, os horários de visitação, principalmente de algo tão notório.


E foi aí que ele me deu a dica que me fez entender a minha conversa com a minha amiga costureira, láááá atrás. Ele lembrou que a igreja estava em obras, e por isso não estaria aberta, mas também me disse que as missas, por esse motivo, estavam sendo no salão de esportes da cidade.


E aí, num flashback na minha cabeça, a conversa com a minha amiga do degrau fechou. Era isso que ela tinha me dito. Depois do bar Astúrias, ela me deu a indicação de como chegar ao salão de esportes, mas eu perdi essa informação no espanhol...


Carlos olhou o relógio e disse Se você correr, ainda pega o finalzinho da missa do Sr. Cura. Se ele não souber os horários da igreja (e dos dragões), ninguém mais saberá.


Novamente o misterioso Sr. Cura voltava a dar às caras. E eu fora salvo no último minuto por mais um amigo que eu fizera, sem querer, apenas por tentar aprender um pouco mais sobre a cidade dele.


Carlos, nunca vou esquecer o que fez por mim. Não sei se um dia lerá esse post, mas saiba que a história só continua POR CAUSA DE VOCÊ.


Saí em busca do padre, um senhor de quem eu sabia apenas o estranho sobrenome: Cura.


No caminho pedi informações sobre onde era o complexo esportivo (o Carlos tinha me dito, era uma construção grande, eu identificaria facilmente. Siga a rua, vire a esquerda e depois a direita na bifurcação.


Batata. De longe vi o que parecia ser um grande ginásio. Caminhando apressado, me dirigi para um corredor que dava para a entrada da igreja improvisada. Mas havia uma pickup, e nela um cachorro enorme, um fila talvez, olhando pra mim. Me afastei respeitosamente devagar e desviei do meu caminho. O ginásio tinha outra entrada, mas estava fechada, com uma madeira bloqueando a passagem. Não poderia entrar, mas poderia acompanhar a missa. Estava cheia, e ali fiquei, matutando como voltaria pra entrada de verdade, sem ser devorado vivo.


Eu morreria vergonhosamente, devorado por um cachorro numa cidade habitada por dragões.


A missa terminou e eu não sabia o que fazer. Tinha medo que se virasse a esquina o cachorro me veria, e aí eu estaria ferrado.


É constrangedor, mas confesso que só tive coragem de ir pra entrada depois que vi as crianças saindo da missa e passando do meu lado. Ao chegar na entrada, o tal do cachorro tinha ido embora (talvez por causa das minhas orações).


Ali estavam diversas pessoas da cidade, bem vestidas, despedindo-se umas das outras e também do padre. Eu era o único de mochila preta e cinza gigante (o Tyrion caberia dentro dela), calça jeans e T-Shirt da Fringe Divison, Department of Defense. Se você colocar a variável de alguém com essa indumentária procurando dragões medievais no interior da Espanha, aí mesmo que só vai dar eu. A minha esposa disse que as pessoas do povoado deviam estar já comentando sobre o forasteiro, talvez fugido da base da NASA, um ser mais estranho que répteis escondidos debaixo de séculos e de camadas de cal.


Ansioso, aguardei a minha vez para conversar com o padre. Claramente ele conhecia cada uma daquelas pessoas, e falava muito carinhosamente com elas. Ele devia ter a minha idade, talvez um pouco mais. Pelos meus cálculos, eu não podia passar à frente de quem tinha estado na missa, mas também não poderia esperar muito, com medo de que o tempo do padre fosse escasso, e não desse tempo de conversar comigo.


Posicionei-me e puxei papo com uma moça que estava com a filha.


- Tu sei italiáno?

- Non, non sono... soy brasileño.

E contei minha história, esforçando-me ao máximo no meu portunhol. Lá pelas tantas, apontei disfarçadamente para aquele homem de batina, com uma imensa cruz no peito, trajado obviamente como um sacerdote, e perguntei a ela Esse é o Sr. Cura?

A moça riu, e disse É o Sr. Antônio.

Não era possível. Aquele NÃO era ele?

- Non é o signor Cura? - verti para o italiáno.

Ela sorriu e disse También.

Eu falei então, brincando, Ah, são la misma persona!

E chegou a minha vez. Abordei-o e contei o porquê de estar ali, e para a minha grata surpresa, ele falava um pouco de português e muitíssimo bem o inglês.

A igreja está fechada de segunda a sexta, pois está em obras. A missa de domingo está sendo feita provisoriamente aqui, mas sábado, temos de 11h as 14h para visitação. Se você puder voltar semana que vem...

Contei-lhe que ficaria em Madrid até início de Setembro, e que com certeza retornaria. Sábado era, então, o dia D.

Agradeci ao meu novo amigo, e anotei os dados num cartão velho que tinha na mochila.


Aqui cabe uma rápida intervenção. Depois, mais tarde, conversando com a minha esposa e com amigos de Madrid, descobri que Cura, Pároco e Padre são praticamente sinônimos...

Não, o sobrenome dele não era Cura! O Antônio, que tão bem me recebeu, e me disse Muito obrigado pela sua visita, apertando a minha mão naquele dia, quando nos despedíamos, era O Cura, e não mais um representante do que eu pensei ser a família dos Cura...


Aff... E isso também explica a brincadeira feita pela moça com quem eu puxei papo... um alienígena apontando para um homem de batina verde, com uma cruz branca gigante no peito, falando com todos depois da missa que ELE tinha celebrado... e que perguntou Esse é o padre?


Não seu idiota, ele é o padeiro, ela devia ter respondido.


Parti dali aliviado, a viagem não tinha sido em vão, afinal de contas. Agora eu tinha una fecha e horarios, e tinha falado com a pessoa certa. Como um certo monge que conheci ano passado, tinha ido em busca do meu sonho.


Desci para a Plaza de España, tirei mais fotos e fui almoçar na padaria dessa mesma praça.


Mas Robledo ainda teria mais surpresas para mim.


Depois do "almoço" (uma espécie de croissant salado, uma coca-zero e um café) fui para o ponto de ônibus. Levava comigo mais uma coca-cola e uma mega palmera, um doce de chocolate, como provisão para a viagem. Seriam 1h20m até Madrid. Aquelas eram as minhas lembas.


No ponto, mais um curioso aspecto de Robledo se mostrou: havia outras pessoas que tinham descido comigo, e elas voltariam comigo em direção a capital, no mesmo trem. Entendi que aquilo era comum, e ali sentado, esperando o ônibus naquele silêncio, senti uma paz difícil de se ter numa cidade grande. Não havia ninguém reclamando de atrasos, nem mesmo de ter que esperar, pois aquele era o ritmo da cidade.


Mas a surpresa não era essa. Comigo voltaria, em direção a Madrid, um casal de senhores com quem fiquei conversando. Não lembro de seus nomes, infelizmente, mas foram muito agradáveis comigo. A senhora ficou empolgada quando disse que minha esposa estudava Flamenco. Ela disse que era de Córdoba, Andalucía, uma região de tradição nessa dança. Conversamos sobre o Brasil, e ela ficou feliz de saber que eu tinha conseguido informações sobre os dragões. Ela também conhecia o Sr. Cura...


O marido dela me perguntou se eu fazia Capíra. Demorei alguns minutos para entender, mas respondi que não, eu não praticava Capoeira...

Pegamos o ônibus, e na estação eles foram dar um passeio enquanto o trem não chegava. Tínhamos ainda 50 minutos pela frente.

Pois fomos embora, deixando Robledo, que eu descobri que também era novidade para ela. Sim ela também era uma estranha naquela terra! Fomos até o transbordo de El Escorial, e de lá até Villalba, onde eles moravam. Antes de saltar ela se levantou do assento e foi até mim. Apertou a minha mão. Me desejou uma boa viagem de volta ao Brasil, e eu disse Me gusta mucho ter te conocido, e ela me respondeu com um sorriso.

Era o fechamento da minha viagem. A sociedade do anel tinha sido criada, e eu tinha visto as duas torres da igreja. Aguardaria até sábado para retornar.

Naquelas duas horas eu não vi um dragão sequer, e a vida me mostrou, mais uma vez, que devo sempre esperar o inesperado, pois ele é a única certeza. Por mais que tivesse me planejado, não tinha me preparado para aquilo. As coisas nunca saem exatamente da forma como queremos, e essa é a variável humana da equação. O mapa nunca está completo até que se percorra todo ele.

A descoberta na catedral sacudiu o povoado. E, apesar de eu não ter visto dragões, agradeço pela oportunidade de ter visto PESSOAS, receptivas e felizes com o interesse que estrangeiros como eu tinham pela cidade, um interesse escondido desde o século XV, debaixo da cal que cobria o teto da igreja.



Continua...

Robledo, parte 5: reviravolta.

Igreja fechada. Que lástima. Dei mais uma volta em torno dela e nada. Por ali havia um fiscal de provas, largadão numa cadeira de praia.

- Hola! PoR favoR, sabes que horas a iglesia está abierta? Estoy aqui pelos dragones.

- Hola. Non, no dragones, a iglesia está cerrada.
- Yo sei, pero a que fecha estará abierta?
- Yo también no sei.

Derrotado, agradeci e perguntei como eu descia para o ponto, pois pegaria o ônibus para a estação de trem. A propósito, depois descobri que a estação de trem de Robledo não fica em Robledo, apesar de ter o mesmo nome. A estação fica num bairro chamado simplesmente de Estación.


Ele me indicou a rua, a escadaria por onde as bicicletas voavam. Mas fez um gesto, as mãos espalmadas para trás do corpo, próximas a cintura.


- Tienes que ir por la pared.


E aí eu entendi. As pessoas continuavam transitando pelas ruas, mas para não disputarem espaço com os competidores, iam se esgueirando pelas paredes...


Saí dali, ainda contrariado por causa da viagem perdida. Circundei a igreja e vi que tinha um carro da polícia perto. Eles tinham que saber quando ela abriria. Para a minha sorte, o guarda falava um pouco de inglês, mas também não sabia os horários. Muito atencioso, ele me deu a primeira peça do quebra-cabeça, e junto dela, os telefones da prefeitura (que eu já tinha) e do Sr. Cura, apontando para a igreja. Concluí que o Sr. Cura era o padre.


Achei curioso, coisa de cidade pequena mesma, e pacata. O policial tinha o número do padre no celular dele!!!


Agradeci e parti, disputando espaço cordial e pacificamente com as bicicletas.



Olhei a hora e ainda eram 12h05m. Tinha até 13h50m para estar no ponto, conhecer um pouco a cidade e almoçar. Parei algumas pessoas no caminho, turistas como eu e moradores. NINGUÉM sabia quando era possível ver as pinturas. O curioso é que não havia um morador que não dissesse já ter já visto os dragões... Desci até a praça, inconformado. De onde estava, teria que contorná-la, pois não era possível passar pelo cordão de isolamento. Passei na porta de uma casa, na beira da rua, onde havia uma senhora costurando, sentada nos degraus, do lado de fora. Parei ali perto para descansar. Sol forte, escadarias e mochila pesada nas costas.

Decidi abordá-la, e a conversa acabou comigo sentado do lado dela no degrau. Ela já tinha visto os dragões, e disse que inicialmente eram 36, mas já estavam em 71. Me afirmou que a barriga dos dragões eram as colunas da igreja, e que tinha vivido toda a vida ali sem jamais suspeitar daquelas pinturas. Também não sabia que horas era possível ver os bichinhos, mas se indignou quando eu disse a ela que a iglesia estaba cerradaComo assim? Hoje é domingo, meio-dia! Como pode?!, foi o que entendi da indignação espanhola daquela minha nova amiga, sofrendo por mim de uma forma rara de se ver hoje em dia.


Mas as surpresas de Robledo ainda estavam por vir.


Ela me deu diversas orientações, dicas, e falou mais uma vez no padre, o enigmático Sr. Cura. Falou de um bar chamado Astúrias, e muitas outras coisas, das quais eu (MUITO infelizmente) já não me lembrava mais quando deixei os degraus da sua casa, agradecido e FELIZ por ter podido ter uma experiência daquelas, simples, agradável e pura, literalmente uma conversa num tom de lenda, sobre coisas antigas esquecidas pelo tempo, que só o povo de um pequeno povoado no meio da Espanha sabia. Eu não tinha visto (e não veria) os dragões, mas tinha sido bem recebido por aquela cidadezinha com um povo tão gentil. Ganhei meu dia ali.


- Muchas gracias - disse.
- A vós - foi a resposta da minha amiga costureira.

Parti para o tal do bar Astúrias, seguindo a indicação dela. Cheguei lá meio em transe pela curta e marcante experiência, sem saber o que procurar. Não é possível que o padre esteja aqui. Sem ter, ou saber o que perguntar, pedi informações sobre o ponto de ônibus para a estação de trem. Descobriria onde era e almoçaria na padaria. Faria hora lá até ir embora de vez de Robledo de Chavela.

Mas foi justamente chegando no ponto de ônibus que eu descobri que, mais do que o dia, eu tinha ganhado era na loteria.

Continua...

Robledo, parte 4: uma surpresa.

Se você for a Robledo, leve dinheiro trocado para o ônibus (1,30 euros), pois o troco máximo é de 5 euros. Quando descobri isso separei logo as moedas da volta. Aperte o cinto, pois isso é obrigatório:




E fomos, serpenteando montanha acima e abaixo. Antes de entrar num túnel, eu e outras pessoas descemos, meus novos amigos. Todos se despediram de mim como se eu fosse da cidade. Caminhamos até a praça principal e lá estava acontecendo uma corrida de bicicleta. Lembrei da história dos esportes.

Só que a corrida era pela cidade inteira. Eu olhei em volta e concluí que várias ruas estavam interditadas, pois as bicicletas passavam em alta velocidade, e havia até cordões de isolamento.






E essa escadaria que você vê acima, é a mesma que você vê abaixo:



É por ela o caminho mais rápido até a igreja (essa foto foi tirada depois que a corrida tinha acabado).

Com as ruas interditadas, fui falar com a policial que estava na praça. Ela apontou a escadaria e disse Sobe por ali.

Me fiz de desentendido, pois eu realmente não tinha entendido. As bicicletas desciam a mil. Como faço para llegar a la iglesia? Ela apontou e disse Por ali.

Agradeci, desisti e comecei a contornar a praça. Voilà! Achei um caminho alternativo e rápido. Em poucos minutos eu finalmente estava na igreja.



Ela obviamente estava em obras.










Mas o que eu não sabia era que ela estava fechada.



Continua...